Reunida em Brasília para tentar estancar uma crise interna que ameaça esvaziar o partido, a cúpula do DEM escolheu nesta terça-feira (15) o senador José Agripino Maia (RN) o novo presidente nacional da sigla.
Agripino foi eleito para um mandato tampão de sete meses e terá a missão de estabelecer a união da legenda para recuperar seu prestígio.
Pouco antes de ser eleito, Agripino Maia afirmou que fará uma gestão de união entre a “sabedoria dos mais experientes e a juventude dos mais novos”, sem olhar para os “erros” do passado. “Nosso partido está vivo por força das nossas ideias e dos nossos talentos. Não é hora de falar em erros. É hora de somar esforços da experiência dos mais experientes com a ousadia e juventude dos mais jovens. Se erros existiram, eles têm de servir de exemplo para que não aconteçam”, disse Agripino.
A convenção ocorreu sob a atmosfera de uma possível debandada de integrantes do partido para uma nova sigla que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pretende criar, o PDB (Partido da Democracia Brasileira). Mesmo ausente do encontro, Kassab foi assunto principal dos integrantes do DEM que participaram da convenção.
Mais cedo, o prefeito avisou ao partido que não iria à convenção. Ele alegou compromissos em São Paulo para não comparecer ao encontro. "É natural a não presença dele na convenção por causa dos últimos movimentos dele, como a criação do novo partido", disse ACM Neto.
Ao fundar o PDB, o prefeito poderia driblar a regra da fidelidade partidária e promover a fusão do novo partido com o PSB. Kassab foi convidado a ingressar no PSB, mas a regra da fidelidade partidária impede a troca de partidos no exercício do mandato. Com a criação do PDB, Kassab estaria livre para deixar o DEM sem ser punido pela Justiça Eleitoral e posteriormente poderia promover a fusão com o PSB. Uma vez no PSB, o prefeito disputaria o governo de São Paulo em 2014.
Agripino afirmou que será “lamentável” se o prefeito de São Paulo deixar a sigla, mas lembrou que a grande maioria do DEM está unida e participou da convenção em Brasília. Para ele, não há chance de debandada de filiados com a saída de Kassab. “A grande maioria expressiva do partido está aqui, permanece conosco e faz parte da Executiva. Chance de haver debandada é nenhuma”, disse.
Mensalão do DEM
Agripino assumiu o comando do DEM lembrando momentos difíceis enfrentados pela sigla, como o episódio de corrupção que envolveu José Roberto Arruda, o único governador do partido até a última eleição.
Arruda foi apontado como chefe de um esquema de pagamento de propina a parlamentares, integrantes do governo e empresários desbaratado pela operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. Ele sempre negou.
Agripino afirmou que o DEM tem “um padrão ético” que “não convive com a improbidade”: “O DEM é um partido que tem um padrão ético, que mostrou que, na hora que teve um dos seus envolvidos [em escândalo de corrupção], foi o único que, rasgando na própria carne, defenestrou o único governador [Arruda] que tinha. Em uma manifestação de que não convive com a improbidade.” Segundo Agripino, será uma meta da sua gestão criar diretórios em todos os municípios do Brasil: “Vamos perseguir essa meta para ter a maior quantidade possível de candidatos a prefeito.”
O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, e a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini Rosado, marcaram presença. O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), também compareceu ao evento.
Agripino
O novo presidente nacional do DEM tem 65 anos e nasceu em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e foi um dos fundadores do antigo PFL, sigla que originou o DEM.
Agripino é engenheiro civil e iniciou a carreira política aos 34 anos, quando foi eleito prefeito de Natal. Depois, se tornou governador do estado por dois mandatos.
Ele cumpre o quarto mandato de senador pelo RN. Desde 2001, era o líder da bancada do DEM no Senado, posto que transferiu ao senador Demóstenes Torres.
FONTE: Luciano Vale
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